Quantas pontes 25 de Abril existem?
Uma? Olha que não!
Ia na ponte que nos liga…a nós…sim…os da Margem Sul à capital e lembrei-me de falar sobre pontes! Em especial sobre as milhares de pontes que existem sobre o Tejo!
Não querendo tornar extravagante a Dica 7… mas a verdade é que cada um de nós tem a sua ponte sobre o Tejo!
Já leste a Dica do Feijão Verde? Não? … Então, CLICA Feijão Verde, faz uma pausa e vai lê-la primeiro!
O nosso dia é passado a fazer ligações, deduções, induções, conclusões, inferências…estamos permanentemente a estabelecer pontes entre o “eu” e o “outro”!
Qual dos dois tem mais peso? Invariavelmente o “eu”! Se é o mais correcto? O mais real? Claro que não!
A comunicação é claramente egocêntrica!
Eu não interajo tendo em conta o que o outro me diz, mas sim, tendo em conta o que eu acho que o outro me quis dizer!
Temos uma estrutura psicológica, preocupações, motivações, complexos, medos, temos botões de sensibilidade… isto é o nosso egocentrismo!
Há um conjunto de referências que nos direccionam a lanterna, que nos fazem ver, sentir, percepcionar os acontecimentos que andam à nossa volta, tal como queremos, ou precisamos!
Pensem nos últimos conflitos que tiveram e verifiquem se parte da causa esteve, ou não, neste egocentrismo psicológico e consequentemente comunicacional!
A verdade é que não somos assim tão diferentes dos cães de Pavlov! A nossa mente pode não se lembrar, mas dificilmente esquece! As associações são uma das suas ferramentas mais fortes!
E se a campainha tocar… ão ão!
Por exemplo...
A Mariana, nova secretária de uma multinacional ficou a saber que o seu director teve um caso com a antiga secretária… No dia a seguir, como acham que foram interpretadas as palavras elogiosas do director, sobre a difícil e importante tradução de uma proposta?
Caso não tivesse ficado a saber do tal “caso”… à noite, durante o jantar com o marido:
“Realmente é outro nível trabalhar numa multinacional, é tão bom sentir o nosso trabalho reconhecido e valorizado!”
No fundo a ponte anda de mão dada com o feijão verde… se o feijão faz apontar a lanterna, a ponte potencia a comunicação e a nossa acção nesse sentido!
Mais um exemplo…
Duas amigas encontram-se no supermercado…
“Então Isabel como tens passado?” “Olha Maria cá vou indo…” “Pois, continuas desempregada, não é?” “Não, as coisas lá em casa é que não andam bem… " “Ah, andas com problemas com o teu marido?” “Não, não, com ele as coisas vão bem felizmente, mas é a minha filha…” “Nessas idades já se sabe, anda metida em coisas estranhas não me digas?” “Felizmente não, mas quer ir estudar para o estrangeiro.” “…e tu não achas piada nenhuma, estou a ver…” “Não, eu entendo-a bem, até é uma boa oportunidade…” “Desconfias de alguma coisa!” “Não é isso… é que vou ter muitas saudades dela, não sei como vou lidar com isso…”
Elucidativo?!
Podemos explorar 3 ideias chave:
1-Porque temos necessidade de elaborar pressuposições e estabelecer pontes entre as situações sem conseguirmos isolar os factos?
2-A forma como a Maria constrói as pontes para elaborar as perguntas à Isabel, é uma boa forma de desmontarmos a sua mente?Projectamos os nossos feijões verdes na comunicação com os outros?
3-Como é que podemos contrariar esta necessidade e esta tendência egocêntrica na relação com os outros?
As questões ficam no ar… consegues dar a resposta?! Aposto que sim!
“O significado da minha comunicação é medido pela resposta que obtenho do outro!”
Para terminar… Alguém sabe quantas pessoas passam diariamente a ponte sobre o Tejo?
Era só para saber afinal, quantas pontes existem!
Quando vais passar da Margem Sul para a margem norte, a ponte és tu que constróis!
PS: Para os mais cépticos, queria só deixar mais uma nota…
Imaginem a secretária Mariana a agradecer as palavras elogiosas do seu director...
A ponte que constróis para chegar ao outro é de tal maneira tua, que tudo em ti o vai demonstrar, o teu tom de voz, o teu olhar, a tua postura, os teus gestos, as palavras que vais escolher, a tua sobrancelha…
Experimenta dizer que SIM e abanares a cabeça com o NÃO!
Pois é…
Até à próxima
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