Lembro-me de uma professora que tive no 9º ano ter-me explicado metaforicamente a ligação entre dois componentes químicos, com o seguinte exemplo:
“Se fores ajudar uma velhota a passar na passadeira vais ao ritmo de quem?”
Simples e genial! Um bem-haja aos bons professores deste país!
Pensar no ritmo da velhota, ou na falta dele, fez-me querer escrever sobre as velhotas que moram dentro de cada um de nós!
Já vos aconteceu terem que fazer determinada tarefa, mas estarem a adiá-la o mais possível?!
Aposto que inúmeras vezes!
É a este adiar que resolveram chamar de procrastinação!
Todos somos procrastinadores, ponto prévio! Com diferentes motivos, com diferentes intensidades, mas todos procrastinamos diariamente!
É essa velhota que mora dentro de cada um de nós que vamos procurar “desmontar” e entender como e porque funciona!
Todos nós temos os chamados “diálogos internos”, de forma consciente ou não vamos mantendo conversa com os nossos “botões”, reflectindo, partilhando, criticando, receando… na maioria das vezes incontroláveis são esses pensamentos que, quase paradoxalmente, controlam grande parte daquilo que fazemos!
“A qualidade da nossa vida depende da qualidade dos nossos pensamentos!” Um outro professor meu…
Vamos lá operacionalizar…
O Nuno… Jovem, ambicioso, seguro de si e das suas competências, tem acumulado sucessos na sua área de especialização, normalmente consegue resolver rapidamente os problemas, ah e prefere trabalhar sozinho!
Será o Nuno um procrastinador? Claro que sim!
Tendencialmente ele adia, protela, evita a execução de tarefas por se sentir superior a elas, subestimando-as, perdendo exigência!
A isto se chama de procrastinação por excesso de autoconfiança e complacência!
Agora… vamos imaginar que somos a chefia directa do Nuno e que, o Nuno faz parte de uma equipa maior, que por sua vez é interdependente entre si, estão a ver a situação?
A estrutura psicológica do Nuno irá levá-lo a adiar sistematicamente algumas tarefas, “já faço isso rápido” ou “mais logo trato disso”, são expressões típicas dos tais diálogos internos.
Há impactos directos e inerentes a situações deste género! Entropia na comunicação interna, atrasos nas sequências funcionais, ou conflitos interpessoais, entre outros!
O Nuno é um mau elemento? O Nuno é um excelente elemento, cujo perfil deve ser potenciado! Seria esta a resposta mais positiva e objectiva!
Diz o princípio básico do recrutamento …slogan comum a todas as empresas especialistas da áreas… “A pessoa certa no lugar certo”. A questão é que o Nuno já lá está, com o seu perfil e com as suas características que devem ser compreendidas e potenciadas.
Como?
a)A chefia deve conhecer claramente o seu colaborador, perceber a sua estrutura psicológica, os sues botões motivacionais, aspirações e objectivos, a forma como se posiciona perante o tempo (ADN temporal) por exemplo…
b)Todo o comportamento, por princípio, deve ser visto como bem intencionado.
c)Conhecendo a estrutura do seu colaborador a chefia deve ser capaz de criar condições contextuais, que visem potenciar uma mudança comportamental que vá ao encontro dos objectivos pretendidos.
Sim Pedro, mas como?!
Ora, se estamos perante um caso em que o colaborador se desleixa, adia ou evita a execução de determinadas tarefas, por excesso de auto confiança e complacência, aquilo que a chefia deve fazer é levar o colaborador a frustrar! Isso mesmo!
Isto é…
1-Definir-lhe pontualmente objectivos mais difíceis de atingir, inclusivamente alguns que sabe à priori que o colaborador não será capaz de resolver;
2-Criar um contexto de feedback mais imediato, regular e factual;
3-Aumentar o grau de exposição das tarefas realizadas, divulgando mapas de cumprimento dos objectivos, pedir compromissos nas reuniões de equipa e utilizá-las também para monitorizar em que fase se encontram as tarefas em desenvolvimento;
Não é por chamarmos o Nuno ao gabinete da chefia, provando-lhe por A+B que teve um mau comportamento que ele vai mudar!
Na maioria das vezes nem é preciso falar sobre a área de melhoria… mais importante que isso, é existir uma análise subjacente e a consequente criação de um contexto, que permita à pessoa adaptar a sua estrutura aos objectivos pretendidos! Muitas vezes subconscientemente!
“O líder não é aquele que chega e diz que há pedras no caminho, líder é aquele que vai um passo à frente a pontapeá-las!”
Para além da velhota que vimos hoje (excesso de autoconfiança e complacência), existem outras 4 formas de procrastinar:
1) Evitar situações desagradáveis
2) O receio de fracassar
3) Justificar com barreiras emocionais
4) Ilusão da acção
Cada uma destas formas tem a sua especificidade, causas e consequências!
Já sabes qual é a velhota que mora dentro de ti?
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Até à próxima
Coaching View
idem aspas aspas! =)
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